Diástase abdominal na gestação

Cláudia de Oliveira*

*Fisioterapeuta - Mestre e Doutora pelo Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da FMUSP - @gestarfisiocursos

​Durante a gestação, a distensão da musculatura abdominal é fundamental para permitir o crescimento uterino, ocorrendo, portanto, uma separação dos feixes dos músculos retos abdominais1.

​Contudo, quando essa separação ultrapassa (± 3 cm) nas regiões supra, infra umbilical e/ou umbilical é definida como diástase dos músculos retos abdominais (DRA). A DRA supra-umbilical é a mais significativa1,2. 

​A incidência, duração e as complicações são escassas na literarura. Geralmente a incidência da DRA é maior no terceiro trimestre da gestação e no pós-parto imediato2.

​A DRA não provoca desconforto nem dor local e apresenta menor incidência em mulheres com bom tônus abdominal antes da gravidez2.  

​Alguns fatores podem ser predisponentes para a DRA: obesidade, gestações múltiplas, multiparidade, poliidrâmnio, macrossomia fetal e flacidez da musculatura abdominal pré-gravídica, por levarem a maior distensão abdominal durante a gravidez3,4.   

​Atualmente acreditamos que a DRA possa ocorrer com mais frequência em nosso meio devido as mulheres engravidarem cada vez mais tarde com o IMC mais elevado.

​Apesar de não haver dor no local da DRA, comumente a gestante pode referir dor na lombar que pode ser decorrente da distensão na parede5. A fisioterapia deve orientar exercícios que foquem na consciência coporal, estabilização pélvica e fortalecimento da musculatura abdominal.

​Durante a gestação avalie SEMPRE se há DRA! Essa musculatura estabiliza a cinta abdominal e todo complexo que envolve o assoalho pélvico na prevenção e tratamento das distintas disfunções pélvicas e músculoesqueléticas5.

 

1. Bursh SG. Interrater reliability of diastasis recti abdominis measurement. Phys Ther 1987; 67: 1077-9.Noble E. 

2. Boissonnault JS, Blaschak MJ. Incidence of diastasis recti abdominis during the childbearing yearPhys Ther 1988; 68: 1082-6.  

3. Thornton SL, Thornton SJ. Management of gross divarication of the recti abdominis in pregnancy and labour. Physiotherapy 1993; 79: 457-8. 

4. Mesquita LA et al. Fisioterapia para Redução da Diástase dos Músculos Retos Abdominais no Pós-Parto. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. vol.21 no.5, 1999.

5. Sperstad GB et al.  recti abdominis during pregnancy and 12 months after childbirth: prevalence, risk factors and report of lumbopelvic pain. Br J Sports Med 2016;50:1092–1096.