Disfunções Sexuais

Matéria concedida ao Jornal A Crítica, 26/06/2016

Rosiel Mendonça Manaus (AM)

Para Fernanda*, até os 35 anos de idade uma relação sexual era sinônimo de muita dor, ao invés de prazer. Casada há mais de dez anos na época, ela resolveu procurar ajuda no ginecologista, que garantiu não haver nenhum problema físico com ela – todo o desconforto sentido durante a penetração, ainda que estivesse bem lubrificada, poderia ter uma origem psicológica. 

Foi durante uma consulta com um psiquiatra que ela recebeu a indicação para procurar a Dra. Barbara Tramujas, especialista há oito anos em Fisioterapia Pélvica, que atua diretamente na Musculatura do Assoalho Pélvico (MAP). O redirecionamento mudou a vida de Fernanda. “Durante muitos anos procurei tratamento, e nunca alguém me falou sobre a fisioterapia pélvica. Achava que nunca ficaria boa, que nunca teria uma relação normal como as outras mulheres”, conta. 

O desconhecimento tem razão de ser, afinal essa é uma área com estudos ainda recentes. Segundo a Dra. Barbara,  essa fisioterapia é indicada, dentre outros casos, no tratamento de disfunções sexuais em homens e mulheres. No caso deles, os principais problemas são a ejaculação precoce e a disfunção erétil, que pode ser ocasionada tanto por fatores psicológicos quanto por alterações na musculatura peniana.

No caso delas, os principais relatos são de dor durante a relação sexual (dispareunia), impossibilidade total ou parcial de penetração (vaginismo) e dores na vulva que dificultam ou impedem o orgasmo (vulvodínea). “As causas podem ser traumas de criação, estresse, fatores religiosos e até hormonais. O próprio parto normal pode contribuir para isso nos casos em que há rasgadura no períneo”, explica a fisioterapeuta.

Acompanhamento

O tratamento de Fernanda durou três anos e acontecia em dois momentos, em casa e na clínica da Dra. Barbara. Durante a sessões que acompanhou, a fisioterapeuta fazia massagens manuais na área interna da pelve da paciente para relaxar a musculatura. Também eram aplicadas correntes elétricas na região, que tinham a função de analgesiar e melhorar a capacidade de contração e relaxamento da musculatura pélvica.

Em casa, Fernanda também fazia exercícios de 10 a 20 minutos de duração para fortalecer a MAP. “Eu contraía e relaxava a pélvis no ritmo e na quantidade que a Dra. Barbara orientava. Contraía a musculatura como se estivesse prendendo o xixi e depois relaxava. Além disso, fui orientada a fazer alguns exercícios com dilatadores, começando com um mais fino e depois com outros mais grossos, para ir ‘alargando’ a musculatura de modo a auxiliar durante a relação sexual”, explicou.

Ela define os resultados como algo próximo de um milagre. Após quatro sessões de fisioterapia, Fernanda já sentiu diminuição da dor durante o sexo, e após 12 sessões o desconforto havia desaparecido. “Depois de anos e anos de dor e sofrimento, estava conseguindo ter uma relação sexual normal e prazerosa. Antes não entendia como as mulheres conseguiam sentir prazer com a penetração e, sinceramente, não acreditava em orgasmo vaginal, achava que era uma utopia”.

No ano passado, Fernanda voltou a se consultar com a especialista para fazer sessões de manutenção e continua bem. Para ela, superar a vergonha foi essencial. “Esse problema é muito mais comum do que podemos imaginar, por isso recomendo a todas as mulheres que passam por algo semelhante a procurar a fisioterapia pélvica”, diz.

Pompoarismo X Neopompoarismo

Exercitar a musculatura pélvica também pode melhorar o desempenho sexual feminino. Aí que entra em cena o neopompoarismo®, criado há 16 anos pelo fisioterapeuta pélvico Dr. Gustavo Latorre, de Florianópolis. Segundo Barbara Tramujas, esse conjunto de técnicas é uma reformulação científica dos antigos ensinamentos orientais do pompoarismo, baseados em manobras da musculatura vaginal (tração, sucção, pulsação, etc.) com o objetivo de aumentar o prazer durante a relação sexual.

“O pompoarismo vem sendo desmistificado porque ele vem de uma tradição que era passada de mãe para filha numa época em que não havia conhecimento sobre a anatomia da vagina. Ainda é comum mulheres irem a sex shops comprar bolinhas ou fazerem cursos na Internet, mas é preciso ter muito cuidado, porque é necessário conhecer a própria musculatura”, alerta a fisioterapeuta, que aplica as técnicas básicas do neopompoarismo®.

Mais informações podem ser encontradas no site www.barbaratramujas.com ou pelo telefone (92) 3233-9730.

* O nome foi alterado a pedido da fonte